RiskOutlook 2.0

A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) publica o inquérito sobre a avaliação dos riscos do setor segurador e do setor dos fundos de pensões (RiskOutlook2.0), apresentando os resultados da informação recolhida através do inquérito semestral da ASF, respondido até ao início de abril de 2023, com data de referência de 31 de dezembro 2022, às empresas de seguros (ES) e entidades gestoras de fundos de pensões (EGFP), sobre a avaliação dos riscos a que, em cada momento, o setor segurador e o setor dos fundos de pensões se encontram expostos.

A presente edição do RiskOutlook2.0 é apresentada pela primeira vez numa versão totalmente autónoma relativamente ao Relatório de Estabilidade Financeira do Setor Segurador e dos Fundos de Pensões, incorporando não só alterações significativas de layout na componente fixa do inquérito - a fim de facilitar a leitura dos resultados -, bem como a primeira edição da secção temática ad-hoc, dedicada aos riscos cibernéticos. Estas alterações, justificam o atraso nesta publicação, inicialmente prevista para junho de 2023.

O Relatório encontra-se organizado em dois capítulos, iniciando-se com a análise dos resultados do questionário de avaliação global dos riscos do setor segurador e do setor dos fundos de pensões, que abrange a (auto) avaliação global e individual das ES e das EGFP em relação aos riscos a que se encontram expostas. Posteriormente, a publicação prossegue apresentando a primeira edição dos resultados da secção ad-hoc, dedicada aos riscos cibernéticos, fazendo o diagnóstico do sentimento e sensibilidade das entidades respondentes face a estes riscos.

No que se refere à avaliação global e individual efetuada pelas ES relativamente aos principais riscos a que se encontram expostas, o setor segurador identificou os riscos relacionados com o ambiente macroeconómico nacional e internacional, os riscos geopolíticos, o risco de subscrição e o risco de crédito associado aos soberanos como sendo os suscetíveis de assumir maior materialidade para o desempenho da sua atividade. As projeções das ES, no horizonte temporal de um ano, apontam a deterioração global de diversos riscos, com maior magnitude nos casos do risco geopolítico, dos riscos associados ao ambiente macroeconómico internacional e nacional e dos riscos cibernéticos.

No que concerne aos ramos Vida e Não Vida, o risco da evolução da produção foi sinalizado como sendo o mais material, em ambos os segmentos. Quanto às projeções a um ano, no segmento de Vida antevê-se uma agudização dos riscos emergentes e de resgates, enquanto para os ramos Não Vida foram identificados os riscos emergentes e de evolução da produção.

Relativamente à avaliação global e individual efetuada pelo setor dos fundos de pensões, as EGFP nomearam os riscos geopolíticos, os riscos relacionados com o ambiente macroeconómico internacional e o risco de crédito de emitentes do setor financeiro como sendo os passíveis de impactar com maior magnitude o desempenho da sua atividade. Destaca-se o aumento da materialidade do risco de crédito de emitentes do setor financeiro, sendo este, a par dos riscos geopolíticos, um dos que apresenta maior perspetiva de deterioração a um ano.

Em matéria de riscos cibernéticos, as ES avaliam estes riscos com uma materialidade média-alta ou elevada, perspetivando-se um agravamento do risco nos próximos três anos. Na perspetiva de negócio, em termos de aceitação e transferência de risco, apenas um conjunto restrito de empresas de seguros comercializa produtos com cobertura explícita de riscos cibernéticos, recorrendo, na totalidade ou em parte, a resseguro para efeitos de transferência dos riscos assumidos. No que concerne à avaliação dos riscos cibernéticos numa ótica de risco operacional, são identificados como principais desafios do processo de gestão dos riscos cibernéticos a 
indisponibilidade de competências e conhecimentos internos e a desadequação dos sistemas de tecnologia de informação e comunicação.

No setor dos fundos de pensões, uma parte significativa das EGFP considera que o risco cibernético é bastante material, revelando expetativas de aumento da sua exposição ao risco num horizonte de três anos. No âmbito do sistema de governação, operações e transparência, os principais desafios no processo de gestão dos riscos cibernéticos, além dos que foram também identificados pelas ES, abrangem ainda a inexistência de bases de dados ou a insuficiente integração das mesmas.